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Uma economia em crise, com baixíssimos sinais de recuperação, permitiu que pelo menos uma guerra fosse declarada no Brasil – a "guerra das maquinhas". A disputa pela atenção do consumidor nos últimos meses foi intensificada por meio de campanhas publicitárias grandiosas e promoções nem sempre confiáveis.

Essa competição intensa pela preferência das máquinas que capturam vendas com cartões de débito ou crédito, na verdade, é uma tentativa de cooptar lojistas, prestadores de serviços e empreendedores individuais. "O que está em disputa é o fluxo de caixa dos empresários, por isso estamos assistindo essa guerra", salienta o gerente geral da cooperativa de crédito Crediacisc, Adão Luis Garcia.

Para Garcia, essa prática é típica de um mercado oligopolizado que deseja aumentar ainda mais sua participação. "Os grandes bancos estão por trás da maioria das maquininhas e iniciaram promoções, isenções e, em alguns casos, até venda casada, o que é ilegal, para atrair novos adquirentes", explica. Segundo ele, não há almoço grátis, em algum momento haverá compensação.

Também disputa parte do mercado as fintechs, empresas de tecnologia que prestam serviços digitais. As maquininhas são a melhor expressão da era do consumo digital e as mudanças no pagamento eletrônico indicam uma revolução em andamento. "Ao utilizar o cartão de débito ou crédito ocorre a captura de uma série de dados, o que permite inovações como uso de carteiras digitais, QR Codes, aplicativos e pagamentos virtuais", observa o secretário executivo da Crediacisc, e pesquisador sobre cidades inteligentes pela UFSCar, Marcos Martinelli.

Uma opção confiável no mercado é a maquinha das cooperativas de crédito. "Primeiro porque não visamos lucro e aquilo que o cooperado paga de taxa e aluguel volta para ele mesmo no final do período", salienta a gerente de unidade, Thais Gaban. É uma maneira do empresário participar como sócio de um grande negócio, utilizando sua própria máquina de captura de vendas com cartões.

De acordo com ela, a Crediacisc, que integra o sistema Sicoob, está preparada para orientar o consumidor quanto à "guerra das maquininhas" e a concorrência acirrada em andamento. "Nem tudo é o que parece nos comerciais de tv e propagandas nas redes sociais. É preciso desconfiar sempre", observa.

"As principais instituições financeiras querem controlar o fluxo financeiro das empresas, que terão benefícios desde que mantenham suas vendas no banco dono da maquininha. É preciso estudar o mercado e comparar o que é oferecido para não cair em armadilhas. Na Crediacisc já fizemos isso e estamos prontos para orientar nossos cooperados", esclarece Thais. Veja abaixo algumas comparações feitas pela Sicoob.

"A Sipag é a maquinha do comerciante, prestador de serviço ou empreendedor cooperado e utiliza-la significa usufruir de várias vantagens", destaca Garcia. De janeiro a maio deste ano, a Crediacisc movimentou R$ 8,2 milhões de reais por meio da Sipag.

Comparação feita pela Sicoob Crediacisc

Maquininha 1

- Usa artistas famosos e faz apelo ao não pagamento do aluguel
- Utiliza taxas promocionais com tempo determinado
- O público que utiliza essa maquininha é não "bancarizado", por isso conhece pouco do mercado financeiro
- Transferência da conta digital para conta corrente financeira é taxada a partir da segunda movimentação

Sipag

- A cooperativa possui autonomia para fixar taxas (MDR) e antecipações a preços justos
- Os créditos são debitados na conta do cooperado, que usufrui de outras vantagens
- Em uma transação de R$ 1 mil no crédito, a taxa MDR pode ser de 2 a 10 vezes menor do que as concorrentes


Maquininha 2

- Propagandas "barulhentas"
- Promoção, aluguel zero e antecipação zero (chamou atenção do mercado)
- Para aluguel zero, estabelecimento tem que ter faturamento mínimo, além de estar sujeito a outras contratações compulsórias
- Obrigado a usar banco da maquininha, com taxas de serviços mais altas

Sipag

- Transparente nas negociações com os cooperados
- Estabelecimentos credenciados até 30 de junho de 2019 tem isenção de 6 meses no aluguel, sem limite de equipamentos
- A partir de agora, a Sipag faz recarga de celulares e reembolsa o adquirente pelo serviço